segunda-feira, 19 de novembro de 2007

SGA - SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL, NO LAR

Vem este próximo texto na sequência do diálogo estabelecido entre as participantes no fórum sobre as fraldas. É aqui que se explica o que é o SGA, e, num texto bastante informal, se vêem dicas práticas para o dia a dia numa casa.


"Obrigada por tantas dicas úteis (algumas vou usando, mesmo sem SGA...),

Acho bem que as tias se interessem por estas
questões! Ainda há pouco tempo trouxe um livro
muito giro da Alemanha. Andava a lê-lo nos
intervalos, mas depois deixei-o algures, ou aqui por casa, e nunca mais o vi. Um livro muito interessante, escrito por um fidalgo falido,
sobre como empobrecer com estilo. Para lá caminhamos - tios, tias, e sobrinhos! Vai um pouco na linha de jóias em vez de berloques (o problema são os impactos da extracção do ouro, etc., que não são triviais...).

O chato é o que alguns tios (que enriquecem sem
estilo...) andam a fazer a todos nós. Olhe em
volta, com olhos de ver: o que é que, assim de
tão substancial, mudou no nosso ambiente? E para
onde vão as coisas que deita no ecoponto? Por
muito que façamos nas nossas casas, por muito
criativos e bem intencionados que sejamos, há
aspectos substanciais em jogo. O sistema, como um
todo, não está a ser construído para a poupança
de recursos. Os tios que mandam nele não querem
saber disso, e constroem equipamentos que não
promovem tal coisa, bem pelo contrário.

Pegue em 3 jornais de hoje (dos ditos sérios) e
nem lhe peço para ler as notícias. Faça um
exercício muito simples: conte as imagens de tias
que encontra. Depois conte as imagens de tios. A
seguir tente obter a percentagem. Além disso,
faça ainda outra coisa: compre uma série dessas
revistas com a programação da TV e tente fazer o
mesmo. Eu nunca fiz este exercício, mas quase que
jurava que nas revistas de apoio à programação da
TV aparecem muito mais tias do que tios! O
problema é que é nos jornais sérios, e não nas
revistas com a programação da TV, que se escreve
(algumas vezes...) sobre as decisões a tomar (em
Lisboa... ou já nem isso) quanto à política
energética do país, e a maior parte das tias em
regra não quer (nem pode ficar a) saber
disso. As tias aborrecem-se, até porque sabem
muito bem que, tal como está o país, não podem
mexer uma vírgula nessa parte da questão. Ou será que os SGAs são suficientes?

É nos jornais ditos sérios que ainda se vai
dizendo alguma coisa (pouco...) sobre de onde vem
a electricidade para alimentar as muitas TVs que
as nossas tias vêem de manhã, à tarde e à
noite. E o sistema económico que depende
directamente da disponibilidade energética. E é
claro que, no meio de muitos interessantes
programas, e de telejornais de hora e meia, com
muito diz-que-disse (uma especialidade nossa),
são também muitos, muitos, os minutos bem pouco
verdes com que as tias são confrontadas
quotidianamente. A maior parte desses minutos são
cor-de-rosa, e não verdes. Ou então muito, muito
negros, para se sentirem assustadas, precisarem
de consolo e se enfiarem nas lojas.

As tias são troféus de caça, e é como tal que
acabam também por se educar a si mesmas. No
fundo, sabem que só assim têm realmente algum
poder. Noutro dia, com mais tempo, conto-lhe a (outra) história da gazela!

Um abraço
Adelaide"

">Bom Dia Cara Adelaide Ferreira,

>SGA = Sistema de Gestão Ambiental (uso ISO14001
>no trabalho, exportei para casa, embora em casa
>consiga fazer melhor há muitod anos do que no
>trabalho - é normal, em casa só depende de mim, no trabalho depende de uns quantos chatos e ainda por cima homens, que em geral acham isto tudo uma grande treta...).
Resumindo: Identificação de Aspectos Ambientais,
>Avaliação de Impactes Ambientais, com determinação da significância e definição de
>programa de gestão de redução/minimização desses
>aspectos ambientais cujos os impactes são significativos (ou por haver restrição legal ou por haver uma política interna de responsabilidade social ou boas práticas
>ambientais), implementação, controlo,
>monitorização e medição, e melhoria... contínua, reavaliação, e novo ciclo...

>Medidas que tomei em casa para minimização dos aspectos ambientais significativos (à escala doméstica):
>- Não uso o aquecimento central (nunca): comprei boas cortinas e montes de almofadões (que como estimo vão durar a vida toda e pagaram-se com a poupança energética), uso a lareira com os desperdícios das matas que vou encontrando nos passeios que faço (pinhas, gravetos, caruma, etc...)
>- Não uso ar condicionado no verão (nunca): jogo com os estores e com as correntes de ar de madrugada, retiro os tapetes no calor,...
>- Tomo duche de água fria (sempre): além do mais faz-me terrivelmente bem ao corpo e à alma
>- Faço iogurte em casa de noite: assim evito produzir como resíduo centenas de embalagens ao ano (era a minha maior produção de embalagens)
>- Desligo os disjuntores todos de casa - excepto frigorífico - quando saio (alguns estão permanentemente desligados) e evito as descargas das terras e os consumos dos visores, etc. (15% de poupança mensal)
>- Não cozinho em excesso (faço muitas saladas e coisas que se podem comer sem grande dispêndio de energia a processar)
>- Não uso elevadores (nem em casa nem no trabalho - só para as cargas, o que é raro)
>- Uso um veículo que consome pouco e mantenho-o sempre a funcionar bem (faço condução defensiva - poupo combustível, pneus e nervos)
>- Faço desportos ao ar livre (não consomem energia directa, não necessitam de ventilação artificial, etc...)
>- Não uso água engarrafada
>- Uso as latas para converter em vasos para alfaces na varanda :)
>- Levo tudo ao ecoponto
>- Uso lâmpadas de baixo consumo e ilumino apenas localmente onde é preciso
>- Lavo roupa a frio e com o mínimo de detergente
>- Lavo louça a frio, no programa curto e idem
>- Seco a roupa ao ar (apesar de ter secador, enfim deu jeito em tempos, com as roupas do bebé)
>- Não uso detergentes para limpar a casa (só vinagre e bicarbonato): os sapatos da rua são geridos à nórdica - ficam à porta de casa
>- Uso roupa que normalmente não necessita de limpeza a seco
>- Não uso produtos na descarga das sanitas nem na atmosfera: uso plantas aromáticas em vez disso
>- Evito o desperdício "a todo o custo" e conservo as coisas uma vida (roupas = reconverto com alguma criatividade e ajuda da costureira)
>- Não compro coisas que passem de moda facilmente nem coisas que se estraguem após algum uso (daí as jóias em vez dos berloques)
>- Faço compras com um cesto grande (evito os sacos de plástico)
>- Desloco-me a pé sempre que posso (uso carrinho de compras à velhota)
>- Uso o ferro de engomar o menos possível (não passo toalhas nem lençóis nem afins, até gosto mais do algodão sem ser engomado) .... etc...

>Mas ideias aceitam-se, ando sempre à procura de soluções mais criativas que as minhas ;) (poupar é mais do que trendy e há uma nova geração de tias nessa linha) e parece-me que você é muitíssimo criativa e interessada por estas questões da poupança doméstica vs poupança ambiental...

>Um abraço,
>Ana"

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

FRALDAS DE PANO

Em meados de Julho, na lista de discussão QUERCUS DEBATE, houve uma interessante troca de ideias sobre fraldas. Tudo começou
com esta divulgação:

"Caros,
Os brasileiros, onde realmente há gente a passar
fome, e sem dinheiro para gastar balúrdios em
incineradoras e fraldas descartáveis, agarraram a
ideia bem melhor do que nós. Talvez por sermos um
país onde as «tias» mandam demasiado :-)...

http://www.babyslings.com.br/fraldas_de_pano_web.htm

Abraço
Adelaide"

À que se seguiram as seguintes respostas:

"Preconceitos... que pena (provavelmente você até é jovem).
Olhe eu sou uma TIA e posso garantir-lhe que tenho um SGA (deve saber a que me refiro) em casa (e também no trabalho) que realmente funciona (a poupança é tanta que dá quase para pagar a conta de jóias... bom as jóias apesar de tudo são coisas boas em termos ambientais - têm um ciclo de vida dos mais longos que há... gerações e gerações... é claro que muitas vezes têm outros problemas na origem - ambientais e sociais -, mas nada é perfeito).
Não se stresse com as tias, porque, minha cara, os tios é que ainda mandam no país (as tias não), lute contra eles e faz-nos um grande favor a todas (tias ou não).

Até porque me parece que quem compra as fraldas descartáveis tanto são elas, quanto eles, e é por eles fazerem pouco em relação aos filhos e à casa que somos obrigadas a usar expedientes de "atalho". Tem filhos? Já mudou uma fralda? Já lavou alguma? Bem suja? Fale-me da sua experiência.

APM



Caros,
Sou tia de vários adoráveis sobrinhos e fraldas já mudei muitas na minha vida, sim. De todo o tipo e feitio, por isso posso comparar. Usei as quadradonas de pano, das descartáveis com cheirinho e cheirão, e também vários tipos de fraldas de pano com design ergonómico. O meu 4º filho só usou fraldas de pano destas, já lá vão
uns 7 anitos. Continuo com os mesmos preconceitos que tinha nessa altura contra as fraldas descartáveis, mas são muito mais pequenos que os que têm - de facto, pude constatá-lo em inúmeros episódios do quotidiano - muitas «tias» contra as
fraldas de pano. Mas as coisas estão a mudar, felizmente. Há 7 anos fiz muita propaganda na internet às fraldas de pano, na Quercus e não só.
E esta mensagem só prova que está na altura de as pessoas na Quercus se procurarem conhecer melhor.
O conceito de «tia» existe, na língua portuguesa, e por mim até devia ser dicionarizado. É uma manifestação cultural bem portuguesa, por sinal. Se não fosse, de certa forma, uma característica nossa, não havia quem brincasse com isso na TV!
Um abraço
PS. Sim, devia haver também fraldas de pano, sexy e ergonómicas, para as tias incontinentes.
Adelaide Chichorro Ferreira"

Segue-se um diálogo com as mesmas intervenientes:


">Está bem, convenceu-me, prometo Adelaide, no
>próximo filho (talvez no final de 2008), vou usar fraldas de pano!
>Embora como saibamos a conta da água (e da
>energia - lavagens a T mais altas para
>higienização) e portanto a produção de efluentes
>contaminados também dispare e a emissão de
>CO2... mas penso que o balanço é largamente
>positivo a favor do ambiente (desde que evitemos
>as lixívias e afins). Depois aconselho-me consigo.

Na altura ponderei todos estes aspectos, claro,
que são relevantes. Mas a posteriori um dos que
mais me levou a optar pelas fraldas de pano foi a
renitência que tenho a passar muito tempo nos
centros comerciais a escolher fraldas. Ou a
escolher outras coisas. As minhas escolhas são outras!
Gosto de ler e o facto de poder resolver tudo em
casa, sem ter de perder tempo com idas a
hipermercados, trânsito, etc., ajudou-me
bastante, como mãe de 4 (é sempre uma chatice ir
às compras quando se tem um bebé pequeno, por
causa do que se tem de levar atrás...). Na altura
de o meu último filho usar fraldas eu estava na
fase final do doutoramento (facto que, aliás, me
obrigou praticamente a fazer um novo
doutoramento, e me prejudicou substancialmente),
pelo que o recurso às fraldas de pano só me facilitou a vida.
A água que se gasta dá ela por ela. Podemos
sempre compensar e não lavar tanto a outra roupa!
Aliás com um bebé em casa nem há tempo para os
requintes a que antes se estava habituado...
Passar a ferro é coisa de que se abdica, pronto.
E lixívias não usávamos aqui em casa. Mas
lembro-me de que punha umas gotas de tea tree oil
no balde onde deixávamos as fraldas de molho, até
à hora de serem lavadas, para que não se
desenvolvessem em demasia as bactérias que podem
causar assaduras no bebé. E, realmente, depois
não tivemos problemas com as fraldas. Mesmo com
um bebé de pele extremamente sensível.
A minha experiência diz-me que esta informação é
relevante. Creio que há quem use, em vez deste
óleo, umas gotinhas de óleo de alfazema, ou mesmo
vinagre (que não cheira tão bem, claro). O tea
tree oil, na realidade, *nunca* entrava
directamente em contacto com o bebé, ou com as
fraldas já secas e lavadas. E quando digo
gotinhas é porque eram mesmo umas duas ou três
gotinhas, não mais. Um frasco deu-me para todo o
tempo em que o miúdo usou fraldas, que foi também
um período mais curto do que com os irmãos: a
dada altura dissemos-lhe que, se ele deixasse de
usar fralda de noite, ganhava um chocolate, e ele
aderiu à ideia sem qualquer chatice. Creio que,
no Verão, fizemos o mesmo para que largasse as
fraldas de dia, e ele alinhou na boa (porque é
óbvio que se torna mais confortável para o miúdo andar sem fralda).

>Queria ter usado no anterior, mas não deu, foram
>tempos difíceis com o cronómetro sempre na mão....

Eu sei o que isso é. E concordo que, de facto, nesta sociedade são mais os tios que mandam, e não as tias. Se eu agora volto a falar nas fraldas de pano é porque, realmente, fazem poupar muito dinheiro, o que, na nossa sociedade (em época de crise), esse é um argumento muito importante.

Adelaide"

Veio depois uma informação técnica, que pode ser útil:

"Caros,

aqui vai o contacto de uma empresa, a Ecobebés, que está a lançar um serviço de fraldas reutilizáveis no nosso país.

Rui Berkemeier
Ecobebés - Serviço de Fraldas Ecológicas


Exmo Dr. Rui

Tal como combinado telefonicamente, junto envio os dados da empresa que
lhe falei, assim como uma parte do nosso folheto, que exemplifica o tipo
de serviço que prestamos.
Basicamente fornecemos tudo o que é necessário para a higiene do bebé,
fraldas de pano, toalhitas biodegradáveis e cremes de muda ecológicos.
os produtos de lavagem são também eles biodegradáveis, sem fosfatos e
não biológicos(sem enzimas).

Ecobebés - Serviço de Fraldas Ecológicas
http://ecobebes.blogspot.com
email: ecobebes.geral@...
Vanessa Lourenço - 91 407 12 93

Aguardando deste já o vosso contacto para uma futura parceria.
Com os meus melhores Cumprimentos,

Vanessa Lourenço"

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

APRESENTAÇÃO

Serve este blogue para transcrever textos que circularam na QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza, onde estejam escritas ideias práticas de como agir localmente, pensando globalmente. Sendo um blogue, estará aberto à colocação de mais ideias, através da adição de comentários. A ideia surgiu do facto de poderem ser lidas algumas ideias interessantes no fórum de debate dos membros da QUERCUS, mas serem lidas por quem quer que seja, e esse quem quer que aqui chegue possa ainda por cima deixar o seu contributo, se assim lhe apetecer. Primeira DICA: fazer-se sócio da QUERCUS (clique aqui) e/ou de outras associações de intervenção activa na sociedade.

Os textos não são da responsabilidade da Associação QUERCUS, sendo este blogue apenas uma transcrição de textos, ou de ideias que circulam já na internet, e é resultado de trabalho voluntário, pretendendo-se apenas uma maior divulgação de práticas de cidadania.